No Caminho de Amma-us (Emaús)
Ao
entardecer do dia da ressurreição, (dia 16 de Abibe) dois dos discípulos se achavam
no caminho de Amma-us (Emaús), pequena aldeia a cerca de doze quilômetros de Yahushalaym.
Esses discípulos não haviam desempenhado papel saliente na obra de Yahshuah, mas
eram crentes nEle. Tinham ido à cidade para celebrar a Pessach (páscoa), e
estavam muito perplexos com os acontecimentos ocorridos havia pouco. Tinham
ouvido as notícias da manhã com respeito à remoção do corpo de Yahshuah do
sepulcro, bem como a narração das mulheres que viram os anjos e encontraram a Yahshuah.
Voltavam agora para casa, a fim de meditar e orar. Seguiam tristemente o
caminho, ao crepúsculo, falando sobre as cenas de julgamento e morte de
Yahshuah. Nunca antes se haviam sentido tão desalentados. Destituídos de
esperança e de fé, caminhavam à sombra do cruel madeiro.
Não
haviam andado muito quando se lhes juntou um Estranho, mas tão absorvidos se
achavam em sua negra decepção que não O observaram muito. Continuaram em sua
conversa, externando os pensamentos de seu coração. Raciocinavam sobre as
lições que
Yahshuah
lhes dera e que pareciam incapazes de compreender.
Enquanto
falavam sobre os acontecimentos que se haviam desenrolado, Yahshuah anelava
consolá-los. Testemunhara-lhes a dor; compreendera as contraditórias ideias que
lhes traziam à mente o pensamento: pode esse Homem que consentiu em que assim O
humilhassem, ser o Yahshuah? Irreprimível era sua dor, e choravam. Yahshuah
sabia que o coração deles Lhe estava unido pelo amor, e almejava enxugar-lhes
as lágrimas, e enchê-los de alegria e contentamento. Devia, porém, dar-lhes
lições que nunca haveriam de esquecer. “Ele lhes disse: Que palavras são essas
que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? E respondendo um
cujo nome era Cléopas, disse: És Tu só peregrino em Yahushalaym, e não sabes as
coisas que nela têm sucedido nestes dias? ” Lucas
24:17, 18. Contaram-Lhe sua decepção quanto
a Seu Mestre, “varão profeta, poderoso em obras e palavras diante de Yahveh e
de todo o povo”; mas “os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes”,
disseram, “O entregaram à condenação de morte, e O mataram”. Coração ferido
pela decepção, lábios trêmulos, ajuntaram: “E nós esperávamos que fosse Ele o que
remisse o povo Yahshurum (Israel); mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o
terceiro dia desde que essas coisas aconteceram”. Lucas 24:19-21.
É
estranho que os discípulos não se lembrassem das palavras de Yahshuah, e não
compreendessem que Ele predissera os acontecimentos que se desenrolaram. Não
percebiam que a última parte de Sua predição se verificaria do mesmo modo que a
primeira, e que ao terceiro dia Ele ressuscitaria. Esta era a parte que deviam
ter
recordado. Os sacerdotes e os príncipes não o esqueceram. No dia “depois da
preparação, (no shabat) reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
em casa de Pilatos, dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador,
vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei”. Mat. 27:62, 63. Mas os discípulos não
lembraram
essas
palavras.
“E
Ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas
disseram! Porventura não convinha que o Yahshuah padecesse estas coisas e
entrasse Seu esplendor” Lucas 24:225, 26. Os discípulos cogitavam quem poderia ser esse Estranho, que lhes
penetrava a alma e falava com tal calor, ternura e simpatia, e ao mesmo tempo
com tanta esperança. Pela primeira vez, depois de Yahshuah haver sido entregue,
começaram a sentir-se esperançosos.
Olhavam
muitas vezes, cheios de interesse, para seu Companheiro e pensavam que Suas
palavras eram exatamente as que Yahshuah haveria dito. Estavam cheios de pasmo,
e o coração começou a pulsar-lhes com jubilosa expectativa.
Começando
com Mehshuah (Moisés), Yahshuah expôs em todas as Escrituras as coisas que Lhe
diziam respeito.
Houvesse
primeiro Se manifestado a eles, e seu coração teria ficado satisfeito. Na
plenitude de seu regozijo não teriam ambicionado nada mais. Mas era-lhes
necessário compreender os testemunhos dados a respeito dEle pelos símbolos e profecias
do Antigo Testamento. Sobre estes devia estabelecer-se sua fé. Yahshuah
não operou nenhum milagre para os convencer, mas foi Seu primeiro trabalho o
explicar-lhes as Escrituras. Haviam considerado Sua morte a ruína de todas as
suas esperanças. Agora Ele lhes mostrou pelos profetas que ali se achava a mais
vigorosa prova de sua fé.
Ensinando
esses discípulos, mostrou Yahshuah a importância do Antigo Testamento como
testemunha de Sua missão. Muitos professos seguidores do Mestre, desprezam hoje
aquela porção das Escrituras, pensam não ter mais utilidade. Não é isto, porém,
ensino de Yahshuah. Tão alto o estimava, que disse certa vez: “Se não ouvem a Mehshuah
(Moisés) e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos
ressuscite”. Lucas 16:31.
É
a voz de Yahshuah que fala através dos patriarcas e profetas desde os tempos de
Adão até às cenas finais deste mundo. O Salvador é tão claramente revelado na
Tanak (Antigo Testamento) como na Brit hadashah (Novo Testamento). É a luz do
passado profético que apresenta a vida de Yahshuah e os ensinos da Brit
hadashah (Novo Testamento) de maneira clara e bela. Os milagres de Yahshuah são
uma prova de Sua divindade; mas uma prova mais forte ainda de que Ele é o
Redentor do mundo, encontra-se comparando as profecias do Antigo Testamento com
a história do Novo.
Com
provas tiradas da profecia, deu Yahshuah aos discípulos uma ideia correta do
que Ele devia ser na humanidade. A expectativa deles, de um Mashyah que devia
tomar Seu trono e o régio poder segundo os desejos dos homens, os desorientara.
Isso interferia com a devida apreensão de Sua descida da mais elevada à mais
baixa posição que se podia ocupar. Yahshuah desejava que as ideias de Seus discípulos
fossem puras e verdadeiras em todos os sentidos. Deviam compreender, tanto
quanto possível, o que se relacionava com o cálice de sofrimento que Lhe fora
aquinhoado. Mostrou-lhes que o tremendo conflito que ainda não podiam compreender,
era o cumprimento do concerto feito antes de serem postos os fundamentos do mundo.
Yahshuah devia morrer, como deve morrer todo transgressor da lei, se continuar
em pecado. Tudo isso devia ocorrer, mas não devia terminar em derrota, e sim
numa eterna vitória. Yahshuah lhes disse que cumpria fazer todo esforço para salvar
o mundo do pecado.
Seus
seguidores deviam viver como Ele viveu, e trabalhar como Ele trabalhou, com
intenso, perseverante esforço. Assim discursou Yahshuah para os discípulos,
abrindo-lhes a mente para compreenderem as Escrituras. Os discípulos estavam
fatigados, mas a conversação não esmoreceu. Palavras de vida e segurança caíam
dos lábios do Salvador. Mas ainda os olhos deles estavam fechados. Ao
falar-lhes da ruína de Yahushalaym, olharam com lágrimas para a condenada
cidade. Mal suspeitavam ainda, no entanto, quem era seu companheiro de viagem.
Não pensavam que o objeto de sua conversação ia ali caminhando ao lado deles;
pois Yahshuah Se referia como se fosse outra pessoa. Pensavam que era um dos
que tinham ido assistir à grande festa, e regressava agora para casa. Yahshuah andava
tão cautelosamente como eles sobre as rudes pedras, parando de quando em quando
com eles para descansar um pouco. Assim prosseguiam pela montanhosa estrada, ao
passo que Aquele que em breve tomaria Seu lugar à direita de Yahveh, e que
podia dizer: “É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mat. 28:18), caminhava ao seu lado.
Enquanto
andavam, o Sol baixara e, antes de os viajantes chegarem a seu destino, já os
trabalhadores nos campos haviam deixado o labor. Quando os discípulos estavam
para entrar em casa, o Estranho pareceu como se fosse continuar a viagem. Mas
os discípulos sentiram-se atraídos para Ele. Desejavam ouvi-Lo mais. “Fica
conosco”, disseram. Ele não parecia disposto a aceitar-lhes o convite, mas
insistiram, dizendo: “Já é tarde, e já declinou o dia.” Yahshuah concordou com
esse rogo, e “entrou para ficar com eles”. Lucas
24:29.
Houvessem
os discípulos deixado de insistir no convite, e não teriam ficado sabendo que
seu Companheiro de viagem era o Senhor ressuscitado. Yahshuah nunca força a Sua
companhia junto de ninguém. Interessa-Se pelos que dEle necessitam. Com prazer
penetra no mais modesto lar, e anima o mais humilde coração. Mas se os homens são demasiado indiferentes para
pensar no Hóspede celestial, ou pedir-Lhe que neles habite, Ele passa. Assim
sofrem muitos grande perda. Não conhecem a Yahshuah mais que os discípulos,
enquanto Ele lhes caminhava ao lado.
A
simples refeição da noite, composta de pão, é prontamente preparada. É colocada
diante do Hóspede, que tomou assento à cabeceira da mesa. Estende então as mãos
para abençoar o alimento. Os discípulos recuam assombrados. Seu Companheiro
estende as
mãos
exatamente da mesma maneira como o fazia o Mestre. Olham outra vez, e eis que
Lhe veem nas mãos os sinais dos cravos. Ambos exclamam imediatamente: É o
Senhor Yahshuah! Ressuscitou dos mortos!
Erguem-se
para lançar-se Lhe aos pés em adoração, mas Ele desaparece diante de seus
olhos. Contemplando o lugar que fora ocupado por Aquele cujo corpo estivera
havia pouco no sepulcro, dizem um para o outro: “Porventura não ardia em nós o
nosso
coração
quando, pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? ” Lucas 24:32.
Mas
com essas grandes novas a comunicar, não se podiam sentar e conversar. De
apareceram-lhes a fadiga e a fome. Deixam a refeição intata e, cheios de
alegria, põem-se imediatamente a caminho
outra vez pela mesma estrada por onde tinham vindo, apressando-se para dar as
alvissareiras novas aos discípulos na cidade. Em alguns lugares o caminho não é
seguro, mas sobem pelas partes íngremes, escorregando na lisura das rochas. Não
veem, não sabem que estão sendo protegidos por Aquele que com eles viajara pelo
mesmo caminho. Tendo na mão o cajado de peregrino, avançam sempre, desejando ir
mais depressa do que ousam fazê-lo. Perdem o trilho, mas tornam a encontrá-lo.
Correndo aqui, tropeçando acolá, vão sempre para a frente, tendo bem próximo ao
lado, por todo o caminho, o invisível Companheiro.
A
noite é escura, mas resplandece sobre eles o Sol da Justiça. Salta-lhes de
alegria o coração. Parecem estar em um mundo novo. Yahshuah é um Salvador vivo.
Não mais O pranteiam como morto. Yahshuah ressurgiu — repetem uma e muitas
vezes. Esta é a mensagem que vão levar aos outros contristados. Necessitam
contar-lhes a maravilhosa história do caminho de Amma-us (Emaús). Precisam
dizer-lhes quem Se lhes uniu no caminho. Levam consigo a maior de todas as mensagens
anunciadas ao mundo, uma mensagem de boas-novas de que dependem as esperanças
da raça humana para o tempo e a eternidade.
Extraído de O Desejado de Todas as Nações
obs.: No texto usamos os nomes originais.
Diná Soares
Extraído de O Desejado de Todas as Nações
obs.: No texto usamos os nomes originais.
Diná Soares
Comentários
Postar um comentário